Imediatamente lembrei de uma tarde num dia de semana qualquer lá pelo fim dos anos 70. O grupo caminhava pelas ruas do centro de Porto Alegre com bandeiras e cartazes. De longe se ouvia baixinho “vai acabar, vai acabar... a ditadura militar...” e “anis – tia! anis – tia! ampla, geral e irres-tri-ta”. Logo as vozes estavam fortes e ecoavam nas esquinas. Muitas pessoas saiam de dentro de prédios e das lojas e somavam-se ao grupo que ia crescendo. Na subida da Borges o confronto com a polícia. Feridos, presos, tudo o que sabemos hoje. Na semana seguinte lá estávamos de novo. A ditadura durou mais alguns anos, mas... caiu. E foram os jovens que a derrubaram. A anistia chegou, e foram os jovens cabeludos que a conquistaram. Os presos foram soltos e os exilados retornaram.
No início dos 90, os jovens saíram às ruas novamente. Agora
era para retirar do poder o farsante que, eleito Presidente, traíra a confiança
e a esperança de toda uma gente sofrida que não aguentava mais os desmandos
verde-oliva e caíra na armadilha do super-herói. Desta vez, os barbudos de cabelos
compridos foram substituídos por uma legião de caras-pintadas que não tinha
medo.

“Vou na marcha” - disse minha filha de 17 anos. Ao argumentar
do perigo das balas de borracha e preguntar se ela não tinha medo ela me fez
lembrar que lá nos anos 70, na minha vez de ter 17 dezessete anos, eu não
também não tinha medo. Vou junto. Ocupar as ruas. Já!
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