12/02/2025

Minha Cadeira do Grêmio

Pois eu, finalmente, adquiri uma cadeira do Grêmio. Agora poderei assistir aos jogos do meu time confortavelmente na minha casa, em frente à TV, cercado de cerveja, vinho, pipoca, chocolate, torta, o que eu quiser... Não tem nada de estranho. Como sabem meus/minhas amigos/as já passei dos 65 anos e sou portador da Doença de Parkinson já tem 12 anos. Em função desta perda de mobilidade inevitável, vocês não tem ideia do humilhante calvário que precisa passar um idoso com Doença de Parkinson para ver seu time jogar, segundo a concepção dos administradores do Grêmio e da Arena. Por exemplo, não existe um só funcionário ou dirigente do clube que saiba o que é Doença de Parkinson. Deve haver algum gremista neurologista que possa explicar para os burros que atuam na gestão do clube. 

Mas, enfim, a impressão que tenho é que o objetivo é justamente o de dificultar a entrada de pessoas indesejadas, que atrapalham o deslocamento e fluxo de gente no estádio. Por exemplo, não posso entrar no estádio usando bengala ou similar. Até entendo. Um velho quase setentão e parkinsônico, com uma bengala, é um sujeito muito perigoso. Outra coisa, é necessário meu médico expedir um laudo indicando qual minha dificuldade motora, já que no "manual" da Arena não tem este item. Previamente preciso levar o tal laudo no clube para validação, sem o quê não terei direito a usar o elevador. 

Se eu levar minha própria cadeira de rodas, porque não tem nenhuma no clube destinada à pessoas com Parkinson, ainda assim precisará ser vistoriada pela Segurança para liberação. Pode ser o caso de homem-cadeira-bomba. Nem vou tecer comentários sobre o/a acompanhante e a distância que as áreas existentes para PCD's e outros tipos de pessoas com dificuldades especiais, estão dos banheiros, que também não atendem às suas necessidades. 

    Não pretendo mais gastar com mensalidade de sócio e nem penso em botar meus pés na Arena Grêmio nos próximos 50 anos. Aproveito para sugerir mudança no slogan "Clube de Todos" para "Clube de Quase Todos" ou Clube de Alguns", ou ainda "Clube de Pessoas Perfeitas".

02/01/2025

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20/02/2024

Fortini

Conheci Fortini em janeiro’2009 numa expedição organizada pelo Diógenes, onde ele pretendia resgatar a amizade de dois companheiros de luta armada o brasileiro ítalo-argentino Fortini, em Misiones, Argentina, e o chileno Don Roberto, em Santiago do Chile.

A primeira parada da expedição foi em Aristóbulo del Valle, uma simpática cidade de 38 mil habitantes, localizada no Departamento de Cainguás, Región das Misiones, noroeste da Argentina. Foi amizade à primeira vista. Fortini era uma homem enorme, alto e forte, um gênio para inventar soluções ligadas à mecânica agrícola. Um conhecedor do mundo. Nasceu ao alvorecer da 2ª Guerra Mundial e, filho de um partigiani anti-facista, combatente na resistência italiana. Desde os primeiros passos participava do desfile anual da sua aldeia na festa da vitória contra o nazi-fascismo. Fortini foi um homem de luta. Migrou para o Brasil e participou da luta armada, integrando a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária). Foi guerrilheiro combatente, preso político que conseguiu escapar do cárcere, da tortura e da morte certa para refugiar-se no Chile de Allende. Quando do golpe do Pinochet, acabou preso no Estádio Nacional, de onde escapou novamente da morte, para esconder-se na Argentina, com a missão de fundar um centro de treinamentos da VPR.

Na noite do dia 17 de janeiro de 2009 fui recebido pelo Fortini em sua casa, junto ao seu filho Alejandro e sua esposa, Nádia, brasileira, que ele conheceu na luta armada. Ela conseguiu prender o coração do Gringo por toda a vida, como ele me disse naquela noite: entregou-se sem muita resistência. Como bom italiano, a comida servida foi excepcional. Perguntei pela delícia de massa e ele me respondeu em espanhol com sotaque forte italiano e brasileiro: pastachuuuuta (pastaciuta)! Eu respondi, perguntando: pastachuta? E ele corrigiu: pastachuuuuta! Foram dias e noites fantásticas, ouvi histórias e lendas ao gosto de bom vinho e da boa comida, tendo como testemunha a vista de uma mata impenetrável ao nosso redor.

Conseguimos cultivar boa amizade por todos estes anos. É verdade que, por culpa do Parkinson que teima em me devorar, fui deixando de visitá-lo nos últimos anos, mas as memórias dos encontros e viagens, juntos, não se apagarão.

Fortini! Presente!

Aristóbulo del Valle, Argentina, 04 a 07/09/2010.

Porto Alegre, Brasil, casa do Anflor, 06/8/2011.

Foz do Iguaçú, Brasil, 18/4/2012.

Concórdia, Brasil, 14/8/2012.

Aristóbulo del Valle, Argentina, 24/1/2009.

Aristóbulo del Valle, Argentina, 24/1/2009.

Porto Rico, Argentina, 07/9/2010.