Está pronto? Está nervoso? Essas foram as perguntas que mais ouvi na semana do dia 10 de setembro, um domingo. Esse seria o dia do embarque, diretamente para Faro, Portugal. Não e sim são as respostas, respectivamente. Mas vou dizer uma coisa: estar preparado é supervalorizado. Do que adianta viajar sem medo? Sem aquele friozinho na barriga... Afinal, "If you're not scared, you're not taking a chance. If you're not taking a chance, then what the hell are you doing anyway?" (PEGA ESSA REFERÊNCIAAAA)
Acontece que chega um ponto em que você percebe que não tem maneira alguma de estar pronto para uma mudança dessas. Estudar (Psicologia, no meu caso) em outro continente, longe de todos seus amigos, familiares, gatíneos e cachorríneos... Em um país com um fuso horário diferente, clima diferente, cultura então... Mas ao mesmo tempo, por que não ir? UM LUGAR COM FUSO HORÁRIO, CLIMA, CULTURA DIFERENTES. Sozinho.
Desde que recebi a confirmação da faculdade (Universidade do Algarve) de que havia passado fiquei tranquilo. Nem extremamente feliz, nem extremamente triste. Sabia que ia aproveitar muito, evoluir muito. E sabia também que ia ser absurdamente difícil. Que separar-me dos meus pais, meus amigos ia me deixar destruído. Mas lidei com tudo com calma (o máximo de calma que consegui). E quanto mais próximo do embarque eu estava, mais nervoso eu ficava.
Até que conheci Juliana (espero que seja assim que se escreva seu nome). Ela sentou ao meu lado no avião. Rumava para a Espanha, para estudar Sociologia, mas com a possibilidade de mudar de curso para Psicologia - ou qualquer outro que a interessasse - e tinha, eu acho, 20 anos. Também tinha medo de voar, então dormiu quase todas as 10 horas de voo. Conversamos um pouco, e percebi que ela estava tão nervosa quanto eu. E, mesmo sem se trocar dicas, conselhos e frases bonitas sobre a vida, nós acalmamos um ao outro, de certa forma.
Finalmente chegamos em Lisboa, depois de 10 torturantes horas no minúsculo espaço que o avião nos dá. Me separei de Juliana, sem peguntar seu sobrenome ou sequer tirar uma selfie (sdds), mas espero que ela esteja feliz. Fiquei na capital com meu amigo Kahinan, que viajou para estudar em Covilhã. Carreguei duas malas pesadíssimas de um lado para o outro, depois para o trem, depois até o alojamento ( QUE ABSOLUTAMENTE NINGUÉM SABIA ME DIZER ONDE FICAVA). Encontrei outros perdidos e fiquei ainda mais aliviado. Afinal, estamos todos perdidos nesse louco mundão, não é?