22/12/2012

2012 e suas reflexões... (I)



O último dia 20/12 traduziu uma experiência, no mínimo, incrível. Se estivesse viva, minha mãe estaria completando 73 anos. Antes de morrer, em meados de 2009, ela confessou o único medo que tinha: ser esquecida pelos netos. Pois bem, o dia 20/12/2012 amanheceu com uma postagem da minha filha Rafaela contendo uma foto dela, pequenina, acompanhada da avó, numa campanha eleitoral do longínquo ano 2000, na maior festa. A foto continha um lindo texto, onde ela imaginava a alegria da avó em compartilhar o momento dela, aos 17 anos, aprovada no vestibular. Uma linda dedicatória. Um presente de aniversário para a avó, que se notabilizou pela importância que dava aos livros, ao estudo, ao conhecimento... 

Este dia 20/12 foi objeto de muita reflexão. À tarde eu fui até a PUC proceder a matrícula da Rafaela, envolvida nas atividades da sua conclusão no 3º.ano, que ocorreria à noite.  Eu percorri o território da PUC, lugar onde, há quase 30 anos, percorri para fazer minha matrícula, numa estranha sensação. Mais intenso ainda foi estar no Salão de Atos, à noite, para a solenidade de conclusão do 2º.Grau da filhota-prodígio, mesmo local onde colei grau, concluindo a faculdade, cerca de 25 anos atrás. E lá encontrei gente amiga, com seus filhos, formandos e calouros na Universidade.  Gente que esteve comigo em bancos escolares já faz 40 anos.  Credo!

Tudo isto faz algum sentido. Meu peito parecia que ia explodir com tanta emoção pela Rafaela. Tão novinha. Ainda minha bebezinha querida e já dando os primeiros passos para a vida. Sua própria vida. Girando mais um ciclo na trajetória do conjunto das... nossas vidas. Dando seguimento à nossa história. Impossível não tremer nesta hora. Junto comigo estavam meu pai - já aposentado, e meu filho, mais novo que a Rafa. Da mesma forma que ela, encaminhando as condições para a conquista do seu lugar ao sol. Ele vem logo mais. Ali estavam representados diferentes momentos de uma particular história: avô, pai, filhos...

Ali, em meio a plateia, um sujeito pensador como eu, consegue separar os acontecimentos das lágrimas, mesmo sendo estas duas coisas, uma só.  Mas não consegue deixar de sentir que existe alguma coisa a mais neste movimento progressivo e inexorável da vida, e seus ciclos. Lembrei que minha mãe estava comigo, em cada passo. Lembrei do rosto dela, feliz, naquele salão me acompanhando há 25 anos. Por um momento senti que ela estava ali, novamente, feliz e sorrindo, com olhos cheios de lágrimas, observando a neta, que não conseguirá – nunca, esquecer dela, porque na passagem dos ciclos da existência, aqueles que nos ajudam a construir nossa vida tornam-se parte indissociável dela.